Capítulo 25 – E isso não é nada bom...


Essa semana estava passando com uma rapidez incrível mesmo. A impressão que Remo tinha, sentado na biblioteca naquela sexta feira (o sétimo ano tinha aquele tempo de folga na sexta) era que o tempo resolvera ser solidário com os alunos de Hogwarts.
E isso podia ser confirmado em todos os rostos de cada aluno. Estavam muito anciosos para mais um fim de semana em Hogsmead, provavelmente recheado de doces, conversas entre amigos e uma bagunça para os mais ousados. Como por exemplo, os Marotos.

O garoto, que antes mirava uma das prateleiras ao fundo da biblioteca com o olhar vago, voltou-se para o livro que segurava sobre História da Magia.
Aquele era um livro realmente chato, assim como a aula. Tudo bem ele era um monitor. Tudo bem ele achar que as aulas eram de extrema importância na formação de um bruxo. Mais isso não significava que não podia considerar essa única aula tediosa.
Mas era preciso.

Então lá estava Lupin desde o começo da tarde, fazendo seu enorme trabalho. Já havia consultado tantos livros que até sua cabeça se confundira um bocado. A pena não descansara um minuto, até aquele momento.

Era hora de dar uma pausa, de voltar a realidade avassaladora que o cercava. Porque no final das contas, aquilo apesar de ser chato, ocupava sua cabeça. Ele não precisava pensar em seus problemas um pouco mais sérios do que Revolução dos Duendes que ocorrera a muito tempo atrás. Se os duendes realmente pudessem o ajudar era melhor que se mostrassem agora com uma solução simples, eficaz e rápida, bem rápida.
Como Lupin previra, isso não aconteceu durante os longos minutos que ele ficou observando um longo corredor vazio.
Ele podia perceber o movimento rotineiro da biblioteca atrás de si, mais isso não o despertava, nem sequer o interessava.

Aluado se espreguiçou um pouco na cadeira. Olhou para o seu trabalho rapidamente e decidiu que estava suficientemente bom. Quer dizer, não tão bom assim, mais ele teria tempo para corrigi-lo e terminá-lo antes da proxima aula.

Com um gesto automático, o Maroto se levantou e entrou em um dos longos corredores da biblioteca. Ele não procurava por nada específico, só queria mais alguma coisa pra ocupar novamente a cabeça. Ele andava muito solitário esses últimos dias. Dois de seus amigos haviam se ocupado com suas respectivas conquistas enquanto o terceiro simplesmente sumia durante o dia inteiro. As meninas nem se fala, elas tem o seu próprio mundo de garotas e maquiagem, garotos e sei-lá-mais-o-que, a verdade é que elas não teriam espaço pra ele e ele não podia negar, era grato por isso.

Passou os dedos por uma fileira de livros empoeirados, tentando deixá-los mais limpos para assim, conseguir ler seus títulos. Logo nos três primeiros livros, Lupin pode reconhecer que estava na parte trouxa da biblioteca. Na parte de poemas trouxas pra ser mais exato.

Remo lia muito quando era pequeno, antes de entrar em Hogwarts e antes mesmo de ser atacado, sempre lia alguma coisa com certa freqüência. Ele gostava muito, achava fantástico o que as pessoas conseguiam fazer com as palavras.
Pegou um livro fino de capa dura, já gasta pelo tempo. Olhou em volta e percebeu que estava sozinho. Encostou-se na parede e começou a folhear o livro, mais parou quando percebeu um poema em uma das páginas, mais ou menos no meio do livro.
Não foi preciso ler a segunda estrofe para fechar o livro e colocá-lo em seu devido lugar.

“Eu não preciso disso.” – O garoto pensou consigo mesmo. “Eu não preciso de palavras bonitas sobre o amor ou coisas do gênero. Eu não preciso me sentir pior do que já estou.”

Foi então que uma lembrança infeliz e inoportuna invadiu os pensamentos do Maroto.

A última quarta feira,a tarde na hora do almoço. Todos os amigos sentados na mesa da Grifinória almoçando, conversando. Até que um garoto Corvinal se aproxima de Lorelai...

“Não, seu idiota! Está tudo acabado entre vocês! Você terminou tudo, não vai desistir agora!” – Remo estava com raiva. Não queria pensar naquilo nunca mais. Queria esquecer Lorelai, apagá-la de sua vida. Assim não sofreria por ela, por uma atitude que fora tomada por ele.

Como ele podia ter sido tão estúpido? Como pode dizer a Lôre que ela era fútil e mimada e que ele só queria brincar com ela? Como ele fez isso? Ele se arrependia muito. Não ainda de ter feito o que fez, mais do jeito que fez. Mais na hora ele pensara que esse era o jeito mais simples, ela logo entenderia o recado. E eles terminariam. E ponto.

O problema é que não existia esse ponto e ele foi muito burro em não considerar isso. Eles, além de serem amigos, tinham amigos em comum, eram da mesma casa, faziam as mesmas aulas e se viam, pelo menos, umas cinco vezes por dia, no mínimo.

Como ele pode pensar erradamente que o fim seria tão frio e sem sentimento?

Lupin saiu andando em direção a mesa em que deixara seus materiais. Pegou todos eles e jogou-os na mochila. Saiu da biblioteca e não olhou pra ninguém, nem disse tchau nem nada disso. Ele ignorou a todos, sua cabeça estava muito cheia de tudo.

Quando estava chegando ao Salão Comunal, se surpreendeu bastante ao ouvir seu nome sendo chamado, mais logo reconheceu as vozes e se virou, meio impaciente e aborrecido.

- Sirius, Tiago.
- Sirius?- Perguntou Tiago estranhando.
- Tiago? – Retrucou Sirius, coçando a cabeça também confuso. – O que aconteceu com, meus camaradas Almofadas e Pontas, ein Aluado?
- Nada, eu só... Só chamei vocês por seus nomes nada de mais ok? – Respondeu Lupin, olhando para o chão e em seguida para o teto.

Os dois marotos conheciam aquele movimento do amigo e logo virão que algo estava errado.

- Diz ai o que aconteceu, Remo. – Tiago pos a mão num ombro do amigo, incentivando-o.

- È cara, fala pra gente. A gente reparou que alguma coisa ta te aborrecendo. – Sirius pos a mão no outro ombro do amigo, com um sorriso também incentivador.

Aluado teve pouco tempo pra pensar no que fazer. Na verdade ele tinha duas opções: Ou inventar uma desculpa esfarrapa e sair correndo dali o mais rápido possível, ou contar a verdade.
Considerando que não havia vantagens na primeira opção, porque depois os amigos iriam caçá-lo e iam arrancar dele a informação a qualquer custo, ele optou pela segunda por um motivo até bem simples. Ele precisa desabafar e quem sabe, os amigos poderiam ajudá-lo também, embora ele não levasse mais fé em nada que dizia respeito ao assunto.

- Tudo bem. Tem uma coisa. – Remo olhou pra eles e continuou – Mais a gente não pode falar aqui. – Na mesma hora, Sirius e Tiago já iam chamando pela Mulher Gorda quando Lupin fez sinal que não para eles.

- Ai também não. Ela...pode nos ouvir.- Remo bateu os pés no chão apreensivo.

Os outros dois se entreolharam com enorme interesse.

- Sala Precisa. – Sirius disse de repente esfregando as mãos, como sempre fazia quando tinha uma idéia mirabolante.

- Então, para a Sala Precisa! – Disse Tiago, com um meio sorriso. Ele foi andando e os outros Marotos o seguiram. Aquela seria mais uma longa tarde em Hogwarts...

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