Capítulo 38 - O plano natalino.


Quando Tiago entrou cantarolando musicas esquisitas que talvez nem ele mesmo reconhecesse, foi abordado por um Sirius praticamente em pânico. Seus cabelos, sempre muito bem penteados, agora formavam praticamente uma juba leonina, olheiras dominavam a parte de baixo de seus olhos e ele parecia mais cansado do que um Remus em dia de lua cheia.

- Tiago! - Levou as mãos à cabeça ao ver o melhor amigo entrar pela porta do dormitório dos marotos. - Era com você mesmo que eu TENHO que falar. - Andou a passos rápidos em direção ao garoto.

- Diga, meu caro almofadinhas. - Sorriu simplesmente, quando o outro segurou seu casaco com as duas mãos, e puxou fortemente, quase erguendo o magrelo do chão.

- Você não parece preocupado. - O balançou agressivamente, procurando o tilintar da ficha que ainda não tinha caído. - Mas... você TEM que estar preocupado!

- Preocupado com o quê, Sirius? - Ao notar a força que o amigo usara, o assunto só podia ser sério, então resolveu encara-lo como tal. - Do que você está falando?

- Estão te pressionando! - Chacoalhou novamente, fazendo os poucos objetos ainda restantes no bolso do garoto de óculos caírem rumo ao chão. - Você não percebe?!

- Perceebo... - Se desvencilhou das mãos trêmulas do maroto, ajustando o casaco e procurando seus pertences espalhados pelo chão, para devolve-los ao lugar de origem. - Percebo que você enlouqueceu, seu pulguento!

- A ficha ainda não caiu! - Soou mais desesperado do que nunca. - Pontas! Estão te forçando a CASAR! - Bradou, como se aquilo fosse um apocalipse individual. - CASAR! - Repetiu, e o amigo pôde ver seus olhos girarem nas órbitas; Sirius Black estava à beira de um ataque nervoso.

- Calma aí, cara! - Tiago levou o cachorro até sua cama, o sentando. - O que tem de mais? - Deu de ombros; podia muito bem casar com Lílian. - Eu amo a ruiva, ela me ama. Não há nada de mal nisso. - Pensou na tarde que passaram, em que mesmo com as idéias de compromisso da Sra. Evans, Sirius não pareceu alterar o humor. - E por que só agora você grita isso? Você estava perto quando ela deu a idéia.

- Aí você se esquece que eu sou um ótimo ator. - Nem no momento de maior agonia, ele podia deixar de mostrar seu ego gigante. - Mas então, cara! E as garotas, e a sua vida de solteiro?!

- Eu não quero isso, Sirius. Como disse, eu amo a Lily e não quero ninguém mais além dela. - Sentou-se em sua própria cama, em meio àquela declaração de amor para alguém que nem ao menos estava lá. - Além do mais, eu já não tenho minha vida de solteiro desde que comecei a namorar com ela.

- Olhe o que você está a dizer! - Tentou pegar novamente Tiago pelas roupas, mas este se esquivou do "ataque selvagem" do amigo. - Você está abrindo mão de todas as outras garotas do mundo por uma apenas! Você está doido.

- Você quem ta doido, Black. - Não tinha mais o que discutir, já estava decidido. Potter estava realmente disposto a subir no altar com a ruiva, e ninguém além dele e dela tinha realmente algo a ver com isso.

O único a fazer, então, era deixar Black sozinho, pensando nas asneiras que acabara de dizer. Tiago levantou-se da cama e foi em direção à porta novamente; tinha mais coisas a fazer antes de dormir.

- Aonde vais? - Fez questão de perguntar Sirius. - Comprar as alianças? - Precisava ser irônico, e não se agüentou.

- Quem sabe... - Cogitou, em tom sonhador, ao sair do quarto.

Desceu as escadas do dormitório e ficou a fazer qualquer coisa até outro dos marotos passar pelo buraco do retrato. Provavelmente sua ruiva também desceria, seu dormitório estava vazio devido à viagem de Natal de Mégara e Lore, e também deveria estar sem nada para fazer.

Mas a primeira pessoa conhecida que viu fora Lupin, que estava a entrar no Salão Comunal com seus diversos livros, pergaminhos, penas e tinteiros. Nem no natal o maroto aproveitava para descansar. Segundo ele, os NIEMS estavam próximos e ele precisava obter o máximo de conhecimento possível até lá, para poder arranjar um novo emprego.

- Aluado! - O garoto pálido olhou para os dois lados, procurando quem o chamara, até seu olhar chegar a Potter. Sorriu timidamente e carregou o peso que ainda tinha sobre os braços até a mesinha de centro, onde o depositou, atirando-se na poltrona mais próxima. - Como vão os estudos?

- Mais difíceis que nunca. - Em sua testa, corriam pequenas gotículas de suor. - Cada vez, estudo mais pesado.

- Noto. - Disse, olhando a grossura dos livros que carregara. - Mas então, preciso da sua ajuda.

- Pode contar comigo para o que der e vier! - E sorriu amistosamente.

- Então é assim... - E começou a contar um plano que iniciara pouco antes do maroto chegar à casa dos leões, para bolarem o meio e o fim.

***

- ...E deste jeito, Lílian Evans terá o melhor natal de sua vida inteira! - Exclamou Lupin, enrolando o pergaminho em que dizia, em letras garrafais, 'Plano'. - Aqui está. - E entregou-o a Tiago, que sorriu ao recebe-lo.

- Obrigado, Aluado. - Cumprimentou o amigo, agradecido. - Não sei o que seria de mim sem você!

- Ouvi chamarem meu nome? - Os garotos puderam ver pés muito conhecidos descerem as escadas em espiral que davam para o Dormitório feminino. A ruiva descia, curiosa.

- Não, não. - Lupin se levantou da poltrona, segurou novamente, com dificuldade, o material, e andou em direção à escada que levava ao dormitório masculino. - Acho melhor subir, tenho que descansar. Boa noite aos que ficam!

- Boa. - O casal respondeu ao mesmo tempo.

- Como vai a minha linda? - Tiago contemplou o rosto da ruiva, dando-a um selinho.

- Muito bem, e com o senhor?

- Melhor agora. - Abraçou a ruiva fortemente, e esta retribuiu. - Sabe, meu lírio... Quero fazer de você a mulher mais feliz deste mundo.

- Já faz, Potter. Já faz...

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