Capítulo 28 – Arrependimento


Tudo bem, Remo era mesmo um idiota, como Tiago mesmo havia dito a ele. Um grande imbecil.
Sentado ali no sofá da Sala Precisa, olhando para o nada ele teve seu momento esclarecedor, que pensando bem, não era tão esclarecedor assim sendo que ele já sabia que havia feito a escolha errada no dia em que falara aquelas bobagens com Lorelai.

Ele olhou para a xícara de chocolate quente que minutos antes a garota bebia. O modo como ela segurava a xícara era tão delicado, enquanto bebia um pouco e sorria serenamente para ele.
Voltou sua atenção para a banheira com as cortinas. A espuma ainda era visível nos cantos da banheira e Remo se lembrou, ficando meio vermelho, que olhara uma vez para a banheira e vira a sombra da garota deitada, com os cabelos presos, mais uma parte ficara solta, caindo em seus ombros.

O maroto fechou os olhos e esfregou-os com a mão, cansado. Ele tinha muitos motivos pra querer sumir naquele momento, pra sempre.

Lorelai fora tão gentil, tão amável com ele por alguns instantes, instantes em que ele se esqueceu de tudo, o mundo era apenas os dois... Mais ela estava vulnerável, ele não podia negar. Talvez carente. Carente de afeto, de proteção, de consolo. Remo não podia sentir uma pontada de culpa, achava que tinha se aproveitado dela de alguma maneira. Mais ela o abraçara com tanto carinho...

O garoto se levantou de uma só vez, olhando para a sala.

Estava um pouco sujo por causa da passagem pela Casa dos Gritos, além de cansado.
Ele foi andando em direção a porta e a última coisa que viu, foram as roupas rasgadas de Lorelai em cima da mesa.

- Remo! A gente já estava indo ai. Te procuramos no Salão Comunal e não te achamos – Sirius foi se aproximando do outro maroto, andando rápido. – Você e a Lore sumiram ai a gente encontrou com ela lá...

- Onde é que você esteve, Aluado? – Tiago veio atrás de Sirius, olhando para o estado mais desorganizado que o comum de Lupin. – Ta todo sujo, sua camisa ta rasgada ali na manga...

- Não é nada. – Remo se adiantou rapidamente, olhando para a manga de fato rasgada. – Eu só vim pro Castelo mais cedo, e peguei um atalho pela Casa dos Gritos.

- Huum. E você falou com a Lorelai? – Perguntou Sirius, curioso.

- Não. – Remo fingiu sinceridade. – Não deu tempo, eu... Encontrei ela com aquele Gustavo, achei melhor falar com ela depois.

- Seu banana! – Tiago quase gritou, reprovando o outro. – Porque você não chegou e mandou o mané ir nadar com a lula gigante e conversou com ela?

- Porque não, Pontas! Não é tão simples. Eu não quero que a Lore pense que eu vou conversar com ela forçada a me ouvir, ou me vendo mandar alguém ir passear. – Remo retrucou. Ele pensou ser um bom argumento.

- Há! Pura besteira. Se fosse eu já ia chegando e se ele começasse a me encher já ia mandando aquela seqüência de azarações que agente ensaiou na semana passada sabe Tiago? – Sirius olhou para Pontas entusiasmado – Então, ele não tinha vez comigo, não ia se meter com a minha garota, não ia mees...

- Ta bom Sirius, ok. Nós já sabemos como você ia liquidar o sujeito com seu plano infalível. – Tiago revirou os olhos, rindo um bocado. – Mais a questão aqui é o nosso companheiro Aluado. – Ele se virou para o garoto. – O que você pretende fazer, já que o seu plano fracassou?

Remo olhou para os dois na sua frente um pouco receoso. Eles realmente estavam empenhados em ajudá-lo a reconquistar Lorelai.
Eles estavam sempre ali, quando ele precisava, não só nesse momento.
E mais do que nunca ele sentia que precisava fazer algo, não só por ele ou por Lorelai, que já eram por si só dois motivos fortíssimos, mais também por seus amigos, que só queriam vê-lo feliz.

- Bom... – Remo começou. – Eu já decidi que vou falar com ela, de qualquer jeito. Eu vou pedir desculpas, falar que sou um idiota e que não penso nada daquilo. – Remo estava discursando como se falasse com a própria Lorelai, até que percebeu a cara de riso dos garotos e se recompôs. – Enfim, eu vou falar com ela.

- É, é uma boa idéia. O problema é que você já ia fazer isso antes. – Tiago deu de ombros.

- É Aluado, a gente quer datas, prazos. Entende o que eu quero dizer?- Sirius sorriu para o outro.

- Ah! Tá. Entendo. – Remo coçou o queixo. – Isso é um problema. – Ele se deu por vencido. – Porque pensa, a gente nunca fica realmente sozinhos em uma situação que dê pra gente conversar sobre isso e ela não quer nem ver a minha cara quanto mais falar comigo. – O garoto se lembrou de minutos atrás, quando ele e Lore conversavam normalmente, como nós velhos e bons tempos.

- Cara, nessa horas você improvisa! – Sirius olhou para o amigo, movimentando o braços. – Sei lá, se tranquem em uma sala, pode ser até mesmo aí na Sala Precisa, cria uma situação!

- Você fala como se fosse uma coisa fácil de fazer, Almofadas. – Remo revirou os olhos, sem esperança.

- Espera um minuto. – Tiago passou a mão pelos cabelos. Lá vinha uma grande idéia, ou não. – e se a gente te ajudasse?

- Como assim? – Remo olhou o maroto, com certo medo.

- É Pontas, explica ai. – Sirius levantou uma sombrancelha.

- È muito simples, meus caros. – Tiago falou num tom de convicção que qualquer um confiaria no que viria a seguir. – Você vai, como o Almofadas aqui disse, conversar com a Lore na Sala Precisa. – Sirius já ia interrompê-lo, mais ele continuou um pouco mais alto. – Porém, nós vamos fazer com que ela chegue até a Sala, com você dentro, obviamente.

Os outros dois pareciam muito perdidos mesmo depois da explicação do Maroto. Tiago fez uma cara de espanto e depois a cara de eu-sou-um-super-dotado-e-vocês-não:

- Como assim, não entenderam? Gente olha, o Remo vai estar lá na Sala Precisa e nós vamos inventar uma desculpa, fazer ela entrar lá com ele dentro e assim eles ficam a sós. Se vocês não entenderam ainda, eu mando um trasgo caçar vocês. – Tiago replicou, já meio impaciente.

- A gente entendeu. – Responderam os outros dois em uníssono.

- Ótimo.- Tiago se recompôs, com ar de diversão inteligente. – Só precisamos combinar os detalhes. Mais não agora, porque deixei meu lírio sozinha com as garotas e ela já deve estar morrendo de saudades de mim.

- Morrendo, claro. – Sirius caçoou, fazendo Remo rir também.

Os três saíram andando em direção ao Salão Comunal, rindo das piadas que Sirius contava, elas eram sempre boas.

Remo estava mais tranqüilo, a idéia de Sirius e Tiago não era nem um pouco ruim. As coisas só precisariam acontecer naturalmente, quer dizer, parecer naturais, e tudo sairia bem. E ele e Lore ficariam bem e ele pensava só até ai. Por enquanto, ele só precisava dessa certeza, que estava cada vez mais próxima dele.

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