Capítulo 30 - Fora dos planos.


Os amassos de Lore e Remo não duraram muito tempo; o garoto se desvencilhou de sua amada, quando a maçaneta da porta girou. Os dois se separaram bem na hora em que Tiago Potter entrou na sala precisa, desconfortável com a situação.

- Ei, vocês! - Ele chamou, respirando forte. - Desculpe interromper, mas Dumbledore nos chama! - E se virou de volta, correndo para o terceiro andar.

- Vamos? - Perguntou Lupin, e Lore assentiu. Os dois logo sairam correndo, de mãos dadas, em direção às escadarias.

Em pouco tempo, todos já estavam em frente à estatueta que dava acesso à escada espiral, precedendo a sala do Diretor.

- Todos aqui? - Lily se virou para trás, conferindo os presentes e sorrindo, confiante. - Ótimo. - Ela olhou para a coruja, e apertou três vezes seu olho esquerdo. - Reshishabel! - A estátua começou a girar, e ao mesmo tempo todos começaram a subir na escada que estava aparecendo.

Desta vez, nem Dumbledore estava disposto a esperar em sua sala. Os garotos puderam ver a silhueta do professor em frente à sua porta, os encarando.

- O que foi desta vez, professor? - Perguntou Tiago, o primeiro a chegar. Dumbledore esperou os demais terminarem de subir as escadas.

- Mais uma vez, a ordem terá de entrar em ação. - Avisou, pegando a varinha do bolso, e com ela conjurando um papel. - Aqui está um mapa, que dará no local que eu quero que vão. - E o entregou ao maroto. - Ouvi de fontes seguras que atacarão este local às vinte horas, do dia de hoje. - Disse, mais sereno. - Vocês tem até lá para chegar no local, ou coisas horríveis vão acontecer. - Ele se virou de costas aos garotos, e abriu a porta. - À propósito, vocês poderão ir de testrálio. - E sorriu, entrando na sala.

Todos se olharam mutuamente: ninguém conseguia ver testrálios. - ou pelo menos não sabia que podia. - Mas mesmo assim, logo desceram as escadas; Potter com o mapa em mãos, tentando identificar o lugar do ataque daquela noite.

- O que é isso aqui? - Falou para si mesmo, apontando para o mapa, que não parecia com nenhum lugar com que já tinha ido. A ruiva, mais esperta, olhou para o canto inferior-esquerdo do mapa, onde dizia com letras garrafais: Orfanato.

- Orfantato? - Lily entrou na conversa com o garoto, enquanto eles desciam as escadarias principais, apressados. Tiago deu de ombros. - Que orfanato?

- Aqui tem as coordenadas! - Apontou Sirius, que estava atrás do casal. - E pelo jeito, é ainda em Londres.

- Pelo menos... - Tiago parou de falar, para fazer força e abrir o portão principal do castelo. - isso, pelo menos em Londres! - E continuou a andar; Remus foi o último a sair, fechando o portão com um baque surdo.

Ao chegarem no centro dos jardins da escola, se depararam com a primeira dúvida relacionada à missão: Onde achariam os testrálios?

- Então, gente. - Mégara tomou a frente, e se virou para os outros. - Voltando à realidade, como vamos montar em cavalos invisíveis? Aliás, como vamos acha-los?

- Fácil. - Sirius abriu seu sorriso maroto para a garota; ele sempre tinha uma resposta feita. - Eu tenho a resposta. - E correu até uma cabana, do lado esquerdo dos jardins, à beira da entrada da floresta proibida.

Ao contrário do que pensou, ninguém o seguiu. Todos ficaram, de olhos arregalados, esperando para sabe qual a resolução de Sirius para tal mistério. Ele, por fim, bateu três vezes na porta de madeira bruta da cabana.

- Quem é? - Pôde-se ouvir, de dentro da cabana; não era uma voz normal, era uma voz mais grossa do que de costume. Sirius sorriu.

- Hagrid! - Gritou, e imediatamente a luz de dentro se ligou. Em poucos minutos, o ruído rouco da chave, entrando na fechadura da porta mal feita, e em seguida, a imagem de um gigante aparecendo por detrás dela.

- Sirius? - Perguntou, sem acreditar. O gigante pegou o garoto nos braços e o levantou do chão, abraçando-o. - Há quanto tempo você não vem me visitar, garoto! Estava com saudades! - E o devolveu ao chão, em pé.

- Então, Hagrid... - Começou ele, olhando para baixo. - Estávamos fazendo um trabalho para a professora de Trato das Criaturas Mágicas e...

- Não me diga. - Ele revirou os olhos. - Querem algumas fadinhas inofensivas? - Ele nunca acreditara no método de ensino da professora; para ele, os alunos tinham também que enfrentar cara-à-cara os animais selvagens, mesmo sendo inaceitável, nas normas da escola.

- Não brinque, Hagrid! - O garoto deu dois tapinhas na barriga do meio-gigante, que era onde conseguia alcançar. - Nós somos septanistas! Já podemos lidar com animais maiores.

- NÓS? - Só agora o guarda-caças havia notado a presença dos outros alunos, no outro lado. - Tiago, Remo, Lily! Como vão? - Cumprimentou-os, com um longo aceno. Os demais o retribuíram. Ele se virou novamente para Almofadinhas. - Então fale, no que posso ajudar?

- Sabe, escolhemos como trabalho para aumento da média anual recolhermos um testrálio. - O meio-gigante levantou uma sobrancelha na hora, suspeitando. - Digo, ela disse que é muito difícil achar um, ou um bando, sabe. - Sirius enrolou, olhando para o rosto do gigante, que sorriu.

- Não, não, imagine! - Ele entrou dentro da cabana, e logo saiu com grandes pedaços de carne. - Nada é difícil para o guarda-caças Hagrid aqui! - Ele deu uma risada gostosa, e começou a andar em direção da floresta proibida.

Todos ficaram parados; não esperavam esta reação tão inconseqüente do meio-gigante. Todos, menos Sirius, que começou a o seguir, cantarolando músicas das esquisitonas; ele, sim, já contava com esta atitude, por isso chamara Hagrid. Ele adorava caçar animais grandes, ainda mais perigosos, quanto mais os invisíveis.

- Vocês não vem? - Almofadinhas perguntou, com o sorriso maroto de volta ao rosto. Tiago fez uma cara de "você conseguiu, seu pulguento!" e todo o grupo começou a andar, ainda que mais lentamente que o gigante, em direção à floresta proibida.

O caminho naquela floresta era deveras tortuoso e de difícil acesso. Muitos galhos quebrados bloqueavam o aparente caminho, e as únicas fontes de luz que possuíam eram suas varinhas, e o lampião que Hagrid carregava em mãos. Talvez, POR ISSO, ela era proibida. Além do mais, muitos animais tinham como Habitat aquela floresta, de centauros a outros animais inimagináveis.

Hagrid, por horas, parava e olhava para os lados, chacoalhando o grande bife, que tinha acabado de amarrar à cintura. Os garotos, embora não entendessem qual o real motivo para tal gesto, apenas o ignoravam, continuando a segui-lo.

Quanto mais caminhavam, mais se embrenhavam na floresta, e como conseqüência, mais difícil ficava passar pelos caminhos abertos pelo meio-gigante. Já não podia-se ver a luz do sol, e eles podiam sentir que, à cada passo, esmagavam um inseto diferente, com um tipo de barulho diferente.

Na última vez que Hagrid parou para se chacoalhar, gritou.

- ACHAMOS! - Agitado, ele desamarrou o bife da cintura e segurou na mão, começando a chacoalhar cada vez mais. O que os garotos viram, foi praticamente uma cena inacreditável. O bife simplesmente desaparecia, a cada mordida que podia ser facilmente notada no grande pedaço de carne.

- ISSO é um testrálio? - Remus deu um passo pra trás, e todos se viraram para ele; não sabiam que o garoto já podia ver tal animal. - Digo, vocês não conseguem vê-lo?

- Vocês conseguem ver este bicho? - Perguntou Tiago, virando-se na ponta dos pés. Todos estavam paralizados e de olhos arregalados; portanto, todos podiam ver tal animal. - Como assim? Como ele são? - Ele se virou novamente, forçando os olhos. Mas ainda assim, nada conseguia ver.

- Conseguimos, Tiago. - Lily segurou mais forte a mão do garoto, como se sentisse medo. - Eles são... diferentes. - Disse, com voz tremida. Tiago a abraçou.

- E eles são pretos, tem olhos totalmente brancos... - Remus começou sua descrição, sem tirar os olhos do animal. Hagrid ainda se divertia com o tal. - Também são esqueléticos, e tem asas horríveis.

- Basicamente, eles são animais pavorosos. - Brincou Sirius, mas ninguém riu. Na verdade, todos estavam assustados demais para tal.

- Hagrid! - Tiago gritou, e o homem o olhou, deixando que o "cavalo" abocanhasse uma grande parte do pedaço de carne. - Como eles conseguem ver um testrálio e eu não?

- Basicamente... - o meio gigante se aproximou dos garotos, em tom de profesor. - Só quem já esteve cara à cara com a morte pode ver um testrálio. - Todos se olharam, e logo todos olharam para Mégara. Os olhos da garota se encheram de lágrima; ela ainda não tinha se recuperado totalmente da morte de seu pai. Mesmo não o conhecendo, ela sonhara a vida inteira em vê-lo, e poder bater um papo com ele. Mas agora isso não era mais possível.

Já que podiam vê-los, já não era tão difícil localiza-los. Logo, um grupo de outros testrálios apareceu, chamados pelo cheiro forte da carne, que pelo que parecia, já tinha sido quase completamente devorada pelos animais.

- Erm... Obrigado Hagrid! - Sirius se aproximou do meio-gigante, o oferecendo a mão. O guarda-caças correspondeu, sorrindo. - Você salvou nossa nota! Agora, ainda temos que fazer algumas anotações sobre eles, e não queremos mais tomar seu tempo.

- Isso aí. - Concordou Tiago, chegando também mais perto do homem. - Você deve ter muita coisa a fazer e não queremos te atrapalhar. - Ele abriu caminho para o meio-gigante. - Portanto, você deve voltar pra sua cabana.

- Não, não, imaginem. - Ele se virou novamente para os "cavalos" - Não tenho nada para fazer esta tarde toda; posso ficar aqui e ajudar vocês nestas anotações. - Terminou, solidário.

- Mas você não pode! - Deixou escapar a ruiva, fazendo com que o meio-gigante a olhasse, atrapalhado. - Digo, Dumbledore mandou chamarmos você - Essa, provavelmente Hagrid não engolira; Lily não era tão boa quanto Sirius para mentiras.

- Hum... - Ele levantou uma sobrancelha, pensativo. Para ele, Lily não era capaz de mentir, então achou melhor acreditar. - Entendo. - A ruiva, a princípio, ficou preocupada, mas como eram ordens de Dumbledore, provavelmente ele a safaria dessa. - Até mais, garotos. - Com um aceno, o meio-gigante voltou exatamente do caminho de que vieram, a passos largos.

- Acho melhor irmos logo. - Avisou Tiago, olhando para o nada, onde provavelmente estariam os testrálios. - Senão não chegaremos na hora.

- Vamos lá, então. - Sirius correu em direção a um, e montou. Todos os outros fizeram o mesmo, menos o garoto de óculos redondos. Todos o olharam, esperando alguma reação.

- Então, gente... - Ele olhou para baixo, envergonhado por algo de que não devia ter vergonha. - Eu não consigo vê-los. Alguém me ajuda?

- Tiago... - Lily mostrou sua mão para ele. - Venha comigo, acho que ele agüenta o nosso peso.

Tiago sorriu e subiu no mesmo testrálio da garota.

- E agora? - O garoto pegou o mapa em mãos, olhando para o mesmo. - Como faremos eles irem onde queremos?

- É só falar; ou dar as coordenadas. - Informou Remus, esclarecendo as idéias dos demais. - Testrálios tem um ótimo senso de direção.

- Como você não sabia o porque de poder vê-lo e sabe esse monte de coisas? - Perguntou Sirius, olhando para o colega.

- Quem disse que eu não sabia? - Remus encarou a pergunta como uma afronta, e fez cara de emburrado. - Eu só estava chocado demais para pensar.
- Ah, certo... - Sirius voltou o olhar para Tiago, esperando as coordenadas.

- Deixa eu ver aqui... - Começou a procurar novamente os números, mas Lily foi mais rápida; ela já havia decorado as mesmas.

Em seguida, os Testrálios levantaram vôo. Até se acostumarem tanto com a altitude quanto com a velocidade - que era rápida demais, pelo menos para eles -, os garotos penaram, de desequilibraram e quase caíram, mas sem demais problemas. Em meia-hora, quando o Sol já ameaçava se por, eles chegaram ao tal orfanato; os Testrálios pousaram exatamente em frente da porta de tal alojamento.

- E agora, o que fazemos? - Todos desceram, e puderam ver os animais levantarem vôo novamente, voltando de onde vieram.

- Vamos esperar, que tal? - Sugeriu Tiago, rindo. Os outros riram também; foi uma ótima oportunidade para descontrair e tirar o clima pesado, que enfrentariam à seguir. - Todos com suas varinhas? - Perguntou, e os outros mostraram-nas em punho. - Então agora é só agir.

- Onde vamos ficar até eles chegarem? - A segunda dúvida questionável da missão foi levantada por Lily; definitivamente, eles não sabiam em que lugar de Londres estavam, era um campo neutro - pelo menos era o que achavam -, e portanto ninguém sabia onde se esconder, ou qual o melhor lugar para começar a atacar.

- Ora bolas! - Tiago colocou a mão no bolso, e dali tirou a capa de invisibilidade. - O que vocês pensam que eu sou? Vir a uma missão dessas sem minha capa? Nunca!

- Mas e como vamos esconder quase dez pessoas embaixo de uma capa feita para apenas uma, sabichão? - Sirius o olhou, com cara de 'fica quieto, rapaz'.

- Ali! - Apontou Remus. Do lado do orfanato, em um terreno baldio, havia um varal. Porém, o terreno baldio dava acesso aos dois lados da rua. - Provavelmente, eles atacarão pela frente, então é só esticar a capa de invisibilidade no varal e ficarmos todos atrás dela. - Sugeriu, e todos aderiram à idéia. Logo, a capa estava esticada no varal, e todos atrás da mesma. Na parte traseira, Tiago e Lily empunhavam suas varinhas, prontos para qualquer ataque surpresa, de qualquer pessoa.

Logo, pequenas fontes de fumaça escura começaram a surgir, essas originando corpos vivos, dos envoltos por capas negras e máscaras ocultando o rosto; os comensais iriam começar a agir. Eles fizeram uma formação especial, cercando toda a parte da frente do orfanato, direcionados à porta. Um feitiço, então, foi lançado contra o terreno baldio, que ricocheteou em uma das paredes, fazendo com que os pequenos bruxos tivessem que pular para desviar, ficando vulneráveis à visão dos comensais.

- Vamos logo! - Gritou Sirius para Lily e Tiago, que eram os únicos que não tinham sequer reparado no feitiço. Eles estavam guardando a parte de trás do orfanato, mas ao chamar do outro, se viraram. Sirius correu para a frente, e começou a duelar com um dos comensais; os demais também faziam isso, e lutavam bravamente. Lutas acirradíssimas começaram, e feitiços voavam por toda a parte.

Quando Tiago e Lily deram o primeiro passo em direção aos amigos, para ajuda-los, uma mão tocou suas bocas, e eles sentiram como se não pudessem respirar. Logo, quando deram por si, já não estavam mais no terreno baldio. Estavam, sim, em uma peça escura e que cheirava a carne podre. O barulho indiciava que haviam ratos no local; mas não só eles. Com uma risada maligna, o rosto bonito e bem conservado, que era temido pela maior parte da população bruxa pode ser visto, iluminado por sua varinha: Era a primeira vez que o casal enfrentava aquele-que-não-deve-ser-nomeado cara à cara.

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